História da Congregação

A Congregação das Irmãs de São João Batista foi fundada na pequena cidade de Angri, ao sul da Itália, aos 26 de setembro de 1878, por Padre Afonso Maria Fusco.

Afonso era ainda seminarista quando sentiu a clara intuição que Deus o chamava para cuidar de tantas crianças, meninos e meninas, órfãs e pobres, abandonadas a si mesmas, às quais a política do tempo negava toda possibilidade de instrução e de promoção social. A necessidade de retirá-las da miséria, da ignorância e do degrado moral, era para ele um imperativo inadiável.

O que impulsionou e iluminou a nascente vocação apostólica de Afonso? Foi um sonho extraordinário que ele mesmo contava:

“Sonhei com Jesus Nazareno que me disse: “Afonso, tu deves fundar um Instituto de Irmãs que chamarás do Nazareno e, um orfanato masculino e feminino. O terreno já está pronto, tu deves somente construir. Apenas serás sacerdote deverás ocupar-te disso”. (Lecce, Ir. Margherita Maria), Um jovem, um sonho, um projeto.

Afonso cultivava em seu coração o belo sonho. Começava a pensar grande. Com amor e humildade se preparava à difícil construção. Pressentia claro o plano de Deus, para o qual estava sendo chamado e o caminho se abrindo dia a dia, como dom. Era envolvido de amor ardente e de sabedoria divina, que dava sentido, direção e sustento à sua vida futura, como sacerdote. Ardia em seu coração uma chama de caridade que não lhe dava paz. Aqueles pobres, órfãos mendigos, que viviam na rua, estavam em seu coração. Desejava tirá-los da rua, educá-los, formar suas consciências e possivelmente habilitá-los a um trabalho, a uma profissão. Sonhava restituí-los à sociedade, úteis, produtivos e justos. Era um projeto utópico, mas que obedecia ao impulso do seu coração, profundamente enamorado de Jesus Nazareno, que passou pelas ruas da Palestina fazendo o BEM, acolhendo com ternura, aqueles que queriam dar novo sentido às suas vidas.

Afonso não protelou e, ainda jovem estudante se tornou para todos o irmão bom, ouvia suas dificuldades, os consolava, conversava com eles docilmente, ensinava-lhes a viver com mais civilidade e fraternidade. O bom clérigo, encaminhava sutilmente o seu processo educativo, com habilidades pedagógicas.

Ordenado sacerdote, Afonso compreendeu que era preciso dar às crianças alguma coisa a mais, além de uma palavra amiga. Desafiando os preconceitos, Padre Afonso, corajoso, abriu as portas de sua casa paterna para uma escola primária gratuita, para aquelas crianças pobres, modelo e antecipação do projeto educativo futuro das Irmãs Batistinas. O número de crianças foi aumentando e a escola passou a funcionar em outro local. Nesse novo local, diante da intolerância dos vizinhos com a algazarra das crianças, foi forçado a finalizar as atividades. O sacerdote sentiu profunda dor, mas não se deu por vencido. Em tudo via a vontade de Deus e rezava com ardor, esperança e confiança.

Padre Afonso aspirava fazer da educação um instrumento de promoção e de formação para crianças e jovens. Em seu Projeto Pedagógico levou avante o trinômio: educação científica, educação cristã e educação profissional.

Para concretizar seu sonho Pe. Afonso contou com a generosa colaboração da jovem Madalena Caputo, que tinha sonhos semelhantes, e mais três companheiras, animadas pelo mesmo ideal e, numa pequena casa, pobre e simples iniciaram o novo empreendimento.

No dia 26 de setembro de 1878, nasceu a Família Batistina, sob o olhar materno de Nossa Senhora das Dores, com fervorosa celebração eucarística, coragem, ousadia e muita oração.

A Congregação das Irmãs Batistinas do Nazareno estava fundada: a boa semente tinha caído na terra fecunda de quatro corações ardentes e generosos. Pobres materialmente mas movidos e ricos de um grande amor. “Senhor, eu não tenho nada a não ser o amor. Faça com que o amor se transforme em Providencia” (Afonso Maria Fusco).

Madalena Caputo confiante na Divina Providência e colaboradora sábia e prudente se tornou a primeira superiora do Instituto com o nome de Irmã Crucifixa. A força do amor a Deus e ao próximo permitiu o crescente desenvolvimento da Obra. Com a chegada das primeiras órfãs e outras postulantes.

Atualmente as Irmãs Batistinas estão presentes em dezessete países dos cinco continentes: Itália, Estados Unidos, Brasil, Zâmbia, Chile, Índia, Canadá, Polônia, México, Malawi, África do Sul, Filipinas, Korea do Sul, Madagascar, Moldavia, Camarões e Austrália.

A Congregação das Irmãs de São João Batista é uma família internacional, com cerca de 850 Irmãs, pertencentes a povos e raças diversas, que falam línguas diferentes. As Irmãs Batistinas do Nazareno continuam a apaixonar-se pelo Projeto de Santo Afonso, procurando humanizar as relações entre homens e mulheres e colaborando na construção do Reino de Jesus Cristo, nosso único Mediador e Salvador.

A Superiora Geral Madre Benedetta Saulo, italiana, ao ser eleita Superiora geral em julho de 1937, propusera trabalhar a fim de expandir a Congregação a outros países e para isto, incentivada por algumas Irmãs com ideal missionário, particularmente por Irmã Felícia D’Amato, escreveu a vários Bispos da América do Sul, na Venezuela e Brasil e disse: O primeiro Bispo que responder vai ter as Irmãs Batistinas em sua diocese. Dom Antônio dos Santos Cabral, Arcebispo de Belo Horizonte foi o primeiro, aceitando com muita satisfação a oferta. Isto porque, Pe. José Medeiros Leite, Vigário da Paróquia São Bento de Itapecerica e Provedor da Santa Casa de Misericórdia, desde muito tempo estava procurando Irmãs para a Santa Casa e encaminhou a Dom Antônio o seu pedido. Dom Antônio já havia recebido a carta de Madre Benedetta oferecendo Irmãs missionárias e respondeu imediatamente solicitando as Irmãs Batistinas para a Santa Casa. Madre Benedetta ficou radiante com a acolhida e como se tratava de hospital ela escolheu Irmãs para a missão hospitalar, são as seguintes:

Cinco pioneiras e corajosas Irmãs Batistinas: Irmã Felice D’Amato, a primeira responsável, Irmã Agostina D’Amico, Irmã Ludovica Pancotto, Irmã Eufrosina Ciofani e Irmã Scolástica La Fratta, que estavam felizes e dispostas para assumir esta nova missão.

Depois de uma longa espera em Gênova, Itália, porque o governo, no momento da partida do Navio Augustus, o requisitou para operações de guerra. Finalmente as Irmãs partiram do Porto de Gênova, no dia 16 de setembro de 1939, ano centenário do nascimento do Fundador hoje, Santo Afonso Maria Fusco, para a meta desejada. No outro dia chegaram a Barcelona, Espanha, e, ali viram os sinais de destruição causada pela guerra. No dia 29 de setembro desembarcaram no Porto do Rio de Janeiro, sob o lindo sol carioca. Uma religiosa Dominicana, enviada pelo Arcebispo de Belo Horizonte-MG, Dom Antonio dos Santos Cabral, estava no porto para receber as Irmãs Batistinas.

Três dias depois depois as Irmãs chegaram em Belo Horizonte, no trem Maria Fumaça. A viagem durou 12 horas. Em Belo Horizonte, duas Irmãs da Congregação de Nossa Senhora do Monte Calvário esperavam pelas Irmãs Batistinas e, as conduziram ao Orfanato Santo Antonio, dirigido pelas Irmãs Franciscanas. Visitaram o Sr. Arcebispo Dom Antônio que as havia convidado. Ele as recebeu paternalmente, as abençoou e formulando os mais calorosos votos pela nova fundação em terra brasileira.

Sob as bênçãos de Deus, no dia 05 de outubro, cheias de esperanças para o futuro, as pioneiras partiram para Itapecerica, sendo recebidas na Estação Ferroviária por uma comissão do povo da cidade, tendo à frente o Revdo. Padre José Medeiros Leite, digníssimo Vigário da Paróquia, uma multidão de pessoas, aquele bom povo brasileiro, tão cordial, pacífico e hospitaleiro. Todos diziam: Bem vindas! Bem vindas ao Brasil! Bem vindas a Itapecerica! A Banda de Musical do tiro de guerra tocou o Hino Nacional. A multidão as acompanhou até à sua residência, Santa Casa, acompanhadas pela Banda de Música, pois a Ferroviária é perto da Santa Casa.

No dia 06 de outubro, as Batistinas assumiram a direção da Santa Casa de Misericórdia, onde se achavam internados uns cinqüenta doentes pobres; homens, mulheres e crianças, um verdadeiro campo de missão!... Como verdadeiras missionárias, iniciaram a missão com ânimo generoso, sob as bênçãos do Sagrado Coração de Jesus.

É Irmã Scolástica La Fratta, a última das pioneiras que relata com emoção, entusiasmo, gratidão e saudade, em seu Livro: Relembrando nosso nascer na terra de Santa Cruz. É uma linda história da fundação. Vale a pena ler. Ela faleceu aos 95 anos em Belo Horizonte, no dia 19-06-2012, mas foi sepultada no Jazigo da Congregação em Itapecerica, a pedido dela que dizia: “Quero ser sepultada em Itapecerica, porque lá todo mundo me conhece”.

As pioneiras foram um exemplo de coragem e perseverança diante dos desafios, sempre com muita fé e confiança na providência amorosa de Deus.

Aos poucos, com muito empenho, as Irmãs foram se integrando à realidade, aprendendo o novo idioma, a cultura e cativando o coração do povo brasileiro.

Atualmente, no Brasil, há cerca de 60 Irmãs, espalhadas em seis estados brasileiros: Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Brasília-DF, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Em todos os espaços concretizam o ideal de seu Fundador, Santo Afonso Maria Fusco, “educando, promovendo e evangelizando” crianças e adolescentes, tendo os olhos fixos em Jesus de Nazaré.